sexta-feira, 8 de outubro de 2010

VENTO

VENTA

VENTANIA

            IA

TEMPESTA

TEMPESTADE

               DE

                   ILUSÕES

                 (se acabou)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

"mas o caraleo mesmo
é que eu não sei pedir socorro
e quando o faço
todo mundo pensa que é poesia"

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

No fundo do quintal da minha avó

tinha um pé de ameixa

Ele ficava pro lado de lá do muro

no terreiro vizinho

Mas como árvore não respeita emparelhança

metade das frutas caía pro nosso pedaço de quintal



Era fruta de tempo de férias



Eu gostava de passar as manhãs

futucando a árvore com pau de agarrar varal

Minha mãe brigava que tinha cobra

Eu procurava os buracos delas e ovo

nem nunca achei nenhum

A ameixinha amarela nem bicho vivia

e o caroço marrom era liso de pedra de rio

De grande subiram o muro e cortaram a árvore

quiseram semear no lugar um canteiro de cimento

De grande eu acho a fruta na bandeja no mercado

sufocada em filme plástico

Descobri que o nome que a ameixa chama é nêspera

Tem importância não mudar de nome:


A fruta que eu gostava

não dá em pé de banca

terça-feira, 8 de junho de 2010

quanta tristeza
cabe em um dia?


quanta angústia
agrura, amargura?
onde é
o antes de enlouquecer?


quanto ar é preciso
pra encher esse vazio?
pra não sufocar sozinho?
pra exalar um balbucio?


quanta tristeza
meu deus
ainda vai caber em mim?


antes que a noite anoiteça
antes que a vista escureça
antes
que a vida feneça
enfim.

sábado, 6 de março de 2010

na manhã sem sol e sem chuva

ardi e morri sete vezes

.renasci todas.

Apenas para continuar desejando

aquilo que eu não posso ter

quinta-feira, 4 de março de 2010

nas paredes do túnel



fotos e letras na vertigem


do dizer-se menos


(as notas vem do outro lado


eletrificando a escuridão)


na saída há luz


e som


anônimos se resvalam


em mãos de subida e descida


a luz se faz mais forte e irreal


toma forma, o som


mas de nada vale o sol


(a escuridão se emaranhou no em mim)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

"A poeta
quer fazer de conta
que a dor que sente é poesia

              - malogro, engodo, mentira!

A dor que sente dói.
Pulsa.
Mata um pouco
a cada dia
o corpo que espera
(escuso)
o beijo de Amor
que em algum lugar do destino
a nossa vida esqueceu"

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Sonho de Poeta

Não tenho o costume de postar poemas que não sejam de minha autoria, já que não é este o propósito do blogue.
Mas em alguns casos eu tenho de abrir excessões.
Como agora, com este belíssimo e invejável texto da Alice Ruiz.
Invejável sim. Porque EU deveria ter escrito este poema.

SONHO DE POETA

Quem dera fosse meu
o poema de amor
definitivo.

Se amar fosse o bastante,
poder eu poderia,
pudera,
às vezes, parece ser
esse, meu único destino

Mas vem o vento e leva
as palavras que digo,
minha canção de amigo.

Um sonho de poeta,
não vale o instante
vivo.

Pode que muita gente
veja no que escrevo
tudo que sente
e vibre
e chore
e ria,
como eu, antigamente,
quando não sabia
que não há um verso,
amor,
que te contente.