terça-feira, 7 de dezembro de 2004

CONDENAÇÃO

"Oh, amado anjo meu
tão alado te criaste
que nem ao menos viste:

- tuas asas não lhe servem

e assim
seguirás pela vida
respirando ares alheios
em teu jardim de flores mortas"
Abro espaço n'O Discurso para o trabalho de Alexandre Beanes. Perdoem-me o excesso de adjetivos mas o poema é excelente e o poeta, grandioso:

"Oh, imensa lua que brilha
tão sedenta de novos ares
e astros a te rodear,

se me destes vida e luz
para que inventastes eclipses
a esconder-te lágrimas?

se não vem ao meu encontro
toma!
devolvo-te tuas asas"

Alexandre Beanes
www.poetizar3.blogger.com.br

segunda-feira, 6 de dezembro de 2004

MADRUGADA

"
Hoje não quero falar nada sobre o Amor
muito menos sobre a beleza e suas cores

Tampouco tenho vozes para a solidão
algoz mordaz desses meus sabores

Não me interessam vida e morte
muito menos suas vicissitudes,
suas calamidades, plenitudes
seus alvoroços e desgostos
as lágrimas mais os risos
as páginas e seus livros
as pedras-palavras
as palavras caras
as letras caladas
as mal faladas
Não me apraz
melancolia
a euforia
o drama
a cama
agrura
chuva
dura

hoje
eu
na
d
a"

sexta-feira, 3 de dezembro de 2004

...e como se não houvesse de conhecer o poema
e minhas palavras todas
eis que acarinha o dizer meu
neste flagelo impossível
de febre que nunca passa
de reza que nunca cala
de pedra

que nunca rola...


quinta-feira, 2 de dezembro de 2004

"Não me culpo
por me sentir tentada
a provar do gosto das delícias
pois que há fome
como hão de haver também os frutos
e o apetite
não é mais uma questão de consciência
Pobre mesmo do homem
sempre a meter em tudo
doses afetadas de metafísica
Não há metafísica nenhuma
em se estar faminto
o que há mesmo é o medo
mascarado de pudor
e de virtude"

quarta-feira, 1 de dezembro de 2004

CALENDÁRIO

É dia, Amor,
mas chove
mas eis que chove em mim
Há um relógio, há uma lida
há um sol
e hão de haver sorrisos...
e o caminhar incessante do destino
e as estradas, rumando
todas em seu caminho
e eu
no abismo desta solidão
cheia
de silêncios famintos

(...cá dentro, o deserto se fez...)

Que eu veja o mundo
com ouvidos de pássaros
que não se casem as imagens
que não me faça sentido
que tudo seja
- menos
a angústia irrepáravel
de Ser
e não ter Sentido

(...que nestes dias, Amor, cansa-me viver...)

sexta-feira, 26 de novembro de 2004

CATA-VENTO “(...Cerraram-se as cortinas na alma angustiada...) O canto... Vazio. e a febre e o sonho e a ânsia E os olhos vidrados (... o cataclisma mentiroso ...a verdade que não é...) E o cárcere (...e o viver catártico de ser outros.) outros todos muitos Múltipla Arte de Ser”

terça-feira, 23 de novembro de 2004

DO PAVOR E DO SUBLIME

“Não digo que te quero
embora de mim já tenhas mais
do que todo o meu sorrir
Cúmplice insciente
de meus pequenos crimes de lascívias
e delicadeza

E se o pouco que te vi
do tanto que te olhei
me vem agora em gana fremente
entorpecendo línguas e sentidos
é que de há muito vinham os abraços pelos braços
aguardando a madureza

- Mas não te quero -
não digo que te quero
porque temo os teus medos
Afrontar-te com a simplicidade grandiosa
de apenas querer
aquecer os teus dedos”


domingo, 21 de novembro de 2004

Para Tatinha, minha tão amada e distante amiga...

CANÇÃO PARA UMA AMIGA

Pode ser que tenha sido assim:

“No princípio era o céu e a terra
e as estrelas se tornaram almas
e as almas habitariam o mundo
Algumas brilhariam menos
outras estrelas-almas
jamais se apagariam(...)”

talvez mesmo tenhamos feito parte
da mesma constelação.


(não caberia em minha poesia
dizer que eu te amo
mas vale dizer
que não é a felicidade colorida,
mas sim a sua presença,
o que torna a minha alegria insustentável)

sexta-feira, 19 de novembro de 2004

ARRENDAMENTO
"Geograficamente falando:
você é mais que o meu lugar
você é o meu cantinho"
AS 13 LUAS

"Novos ventos sopram
trazendo consigo um cheiro
que o conheço bem
Sumo de fruto verde almiscarado
amortecendo línguas e sentidos

Não obstante
‘inda não ter-se instalado o tempo
eu já o posso adivinhar
apaziguando a dormência de meu espírito
e o fastio dos dias sem fúria

Que venha o tempo da mudança :
o poeta é todo o vento de ir embora"



quinta-feira, 18 de novembro de 2004

AND VI

"São vivos
os antigos
olhos
do retratista

Amálgama das almas
furtadas em seus fotogramas"

“Sou folha
solta no vento
magia do teu ventar

Sou beija-flor
flor-de-beijinho
orvalha o meu clarejar

Me quero raiz
colorindo em teus canteiros
a alegria de florar”

E pra começar...

... eis meu blog de poemas.
Mas nada de falatório. Vamos à poesia, que é o que interessa.

Pra fazer você sorrir

Pensei em escrever um longo poema
sobre Marcelo mas, mesmo em pensamentos,
Marcelo é como um
casal de borboletinhas: a gente pensa vê-lo cá
e ele já está borboleteando lá.
Assim mesmo.
Todo cor e todo luz.